Há bons padres que são gays... (Cf. T. Reese)


A ideia de que gays não podem ser bons padres é burra, injusta e contrária aos fatos. Conheço padres muito bons que são gays, e suspeito que outros bons padres que conheço provavelmente também o são.
E, no entanto, essa ideia absurda repete-se toda a vez que um documento como “O dom da vocação presbiteral” – conjunto detalhado de diretrizes e normas para a formação sacerdotal – é emitido pelo Vaticano (07/DEZ/2016).
Este documento tem coisas muito boas. Ele enfatiza a necessidade de uma formação pastoral para os padres, de uma educação sobre o ensino social da Igreja e da presença feminina na formação dos seminaristas. Também propõe uma formação para a proteção dos menores.
Mas cita uma instrução de 2005 emitida pelo Papa Bento XVI que diz: “A Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada ‘cultura gay’”.
Alguns interpretam esta passagem como significando que nenhum homossexual pode ser seminarista ou padre. Outros acham que um homossexual incapaz de viver uma vida celibatária não pode ser padre. Eu sempre interpretei esse dizer no segundo sentido, como o interpretam muitos bispos, reitores de seminários e superiores religiosos.
Infelizmente a instrução não foi clara. Teria sido útil se ela também dissesse: “A Igreja, embora respeitando pro fundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário ou às Ordens Sagradas aqueles que praticam a heterossexualidade, apresentam tendências heterossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada ‘cultura machista’”.
É um debate sobre o celibato, não sobre a orientação sexual. Independentemente de ser gay ou hétero, se a pessoa vai ser padre no presente momento, então é preciso ser celibatária.
Porque a instrução foi equivocadamente interpretada, seminaristas e padres foram forçados a mentir sobre sua sexualidade. Numa era em que os seminaristas estão sendo encorajados a viver suas emoções de modo mais sadio, eles não deveriam mentir sobre o quem são. Em tais seminários, o corpo docente e os administradores ou desempenham o papel do inquisidores ou fazem vista grossa em relação à orientação sexual. 
Como os militares de outrora, a cultura nos seminários e a cultura sacerdotal transformaram-se numa cultura do “não pergunte, não diga”.
À medida que ser gay se torna mais aceitável culturalmente, torna-se interessante também ver se as vocações homo-afetivas ao sacerdócio e à vida religiosa declinam.
Ninguém deve ser forçado a sair do armário, mas se uma pessoa discerne que, pessoalmente, isso seria o mais salutar, então os bispos e superiores religiosos deveriam respeitar. Ser aberto quanto ao ser gay pode ser benéfico em alguns casos.
E você o que pensa sobre este assunto?

2 comentários:

  1. Ninguém é obrigado a ser padre.Mas se quer ir para o seminário , ele saberá muito bem as ordens que terá que cumprir, se a sexualidade dele é tão latente (tanto como homo como hetero), então o certo seria sair do seminário , ou deixar de ser padre.Agora se há uma Ordenação onde um dos compromissos é ser celibatário , então está sendo hipócrita com ele mesmo.Na minha cidade houve um padre que deixou a Igreja teve dois filhos e o povo jamais deixou-o de considerá-lo padre, inclusive de chamá-lo de padre, pois ele foi fiel a ele , aoo povo e a Igreja e continuou trabalhando com toda dedicação à Igreja.

    ResponderExcluir
  2. Concordo que a questão é o celibato, e não a orientação sexual. Negar o sacerdócio a homossexuais me parece um incentivo à hipocrisia. Espero que os padres homossexuais levem uma vida tão dedicada a Deus e ao povo quanto os padres heterossexuais, apesar dessa perseguição pseudo-moral que sofrem. Porque as imoralidades do clero são, na minha opinião, outras, às quais o Papa Francisco tem feito críticas contundentes. (Patricia)

    ResponderExcluir