Vivemos
numa sociedade descartável, mas onde a experiência e a palavra ainda ocupam
lugares destacados. Quem consegue expressar sua própria realidade, a supera
e domina. A Bíblia nos diz que o homem, dando nome às criaturas, ficava senhor
delas. Quem nomeia possui uma segurança e um conhecimento maior do que
aqueles que não o fazem.
As palavras são fundamentais na inter-relação com as
pessoas. Há palavras “bem-ditas” e outras “mal-ditas”. A
palavra revela ou esconde o que somos. Algumas pessoas não ultrapassam o nível
mínimo de comunicação, usando o subterfúgio da ironia ou da agressão. Vivem
fechadas e não manifestam, por medos ou bloqueios, nada de si mesmas.
Nos comunicamos por gestos e palavras, mas também
elas nos traem quando tentamos superar o espaço, quase
infinito, entre um "EU" e um "TU". Os gestos completam as
palavras, e estas aqueles.
Há palavras vazias, que não dizem nada e outras que
são significativas e inesquecíveis. Com os gestos acontece o mesmo: podem ser
vazios e repetitivos, ou originais e encantadores. Se a nossa conversão é
verdadeira nossas palavras e gestos serão expressivos.
Partilhemos, pois, com palavras e gestos, o mais fundo de nossa existência.
Experiências
inesquecíveis...
Quantas
vezes as palavras se fazem pequenas para dizer o que se quer expressar?
E outras vezes se fazem mentira para ocultar o que não se quer contar.
Em Inácio de Loyola, por pura graça de Deus, a sua
palavra se transformou em transparência significante.
Ele foi capaz de expressar o mistério mais profundo de si mesmo, sua pobreza
ontológica e existencial, no seu relacionamento com Deus, com os outros e
consigo mesmo.
Conheço pessoas que, apesar dos anos percorridos,
não têm nada a dizer, e repetem fatos insignificantes como se fossem
importantes; proferem palavras, mas não expressam nada da própria vida. É como se eles não tivessem história ou
profundidade. Fatos sem sentimentos, e todos soltos, sem nenhum significado.
Não há um fio condutor, mas apenas episódios esporádicos que não tem sentido
nem unidade.
A história pessoal depende do sentido que cada um
decidiu dar à sua vida. Deus
e eu fazemos o que podemos, disse-me alguém. Foi isso o que aconteceu com
Inácio de Loyola.
Deus não é teórico; Ele ensina pela experiência.
Inácio de Loyola fez essa experiência de sentido
quando contava já com 30 anos de idade. O que até então vivenciara nos seus
encontros e desencontros (aventuras amorosas, fatos, acontecimentos positivos e
negativos) começa a adquirir novo significado. O Absoluto de Deus relativiza o secundário e unifica o importante.
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