Pregação de Advento: Que lugar ocupa Cristo no universo?... (cf. R. Cantalamessa)


O Papa Francisco e seus colaboradores mais próximos participaram da primeira pregação do Advento/2017, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. O pregador, o capuchinho Raniero Cantalamessa. Tema "Tudo foi criado por Ele e para Ele; Cristo e a criação”.

As meditações têm como proposta recolocar a pessoa divina-humana de Cristo no centro dos dois grandes componentes: o cosmos e a história, o espaço e o tempo, a criação e o homem. Colocar Cristo "no centro" de nossa vida pessoal.

Qual o relacionamento entre Cristo e o cosmos? "No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas"  (Gn 1, 1-2). A relação, entre criação e encarnação está bem expressa no Livro do Gênesis e na encíclica Laudato si’.

Qual lugar ocupa a pessoa de Cristo em todo o universo? Cristo tem algo a dizer sobre a ecologia e a salvaguarda da criação, ou isso é totalmente marginal a ele, como um problema que afeta quando muito a teologia, mas não a cristologia?

O Espírito Santo impele a criação para a sua realização. Ele é “o princípio da criação das coisas”, e o princípio da sua evolução no tempo. O Espírito Santo tende a fazer a criação passar do caos ao cosmos, e fazer disso algo bonito.

Cristo tem algo a dizer sobre os problemas práticos que o desafio ecológico coloca para a humanidade e para a Igreja? Cristo, pelo seu Espírito, é o elemento-chave para uma ecologia cristã saudável e realista.

Cristo desempenha um papel decisivo também nos problemas concretos da proteção da criação, mas o faz indiretamente, trabalhando no homem e - através do homem - na criação. Acontece como no início da criação: Deus cria o mundo e confia a custódia e a salvaguarda ao homem.

O cuidado da criação tem dois níveis: o nível global e o nível local. Um slogan moderno convida a pensar globalmente, mas agir localmente: Think globally, act locally. A conversão deve começar do indivíduo, isto é, de cada um de nós. Francisco de Assis costumava dizer aos seus frades: "Nunca fui um ladrão de esmolas, pedindo-as ou usando-as além da necessidade. Peguei sempre menos do que eu precisava, para que os outros pobres não fossem privados de sua parte; porque, de outra forma, seria roubar".

Não sermos ladrões de recursos, usando-os mais do que o necessário e retirando-os, assim, daqueles que virão depois de nós. Sobriedade e parcimônia, para que todos tenham!

O Natal é um forte chamado a esta sobriedade e parcimônia no uso das coisas. Quem nos dá o exemplo é o próprio Criador que, tornando-se homem, se satisfez com um estábulo para nascer. ..”

Todos nós, crentes e não-crentes, somos chamados a comprometer-nos com o ideal da sobriedade e do respeito pela criação. Se o Pai Celestial fez tudo "por meio de Cristo e em vista de Cristo", também nós devemos tentar fazer tudo assim: "por meio de Cristo e em vista de Cristo", isto é, com sua graça e para a sua glória.


Um comentário:

  1. Jesus encarnou na nossa história. Mas,há um politicamente correto que insiste em escondê-lo nas alturas. Em escolas confessionais católicas, o ensino religioso deu espaço ao humanismo ou à antropologia filosófica. Em alguns espaços,o nome de Jesus foi suprimido das canções de Natal. Em nome do respeito ao não cristão, o Cristo não pode ser Emmanuel.

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