Bem dizia minha sábia e humilde bisavó Luisa (Gigia): "Não há problema neste mundo que daqui a cem
anos não esteja resolvido!".
Na saudação natalina/2017 aos
cardeais, o Papa Francisco apresentou
algumas contundentes críticas aos seus "colaboradores" mais próximos,
por ter sido um entrave para reformas que ele deseja implementar na velha e
viciada Cúria Romana, embora esta conte ainda com gente santa e sábia e que tem
apoiado
Dentre muitas coisas ele destacou o dom da "paciência"
que é preciso ter para conduzir a bom termo as reformas desejadas. Citou um
bispo belga que dizia: "Fazer as
reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egito com uma escova de dentes...".
E com isso, ele acabou desabafando sobre
as dificuldades enfrentadas para empreender a desejada reforma. Falou da
"lógica desequilibrada e degenerada de conluios ou de pequenos clubes que realmente representam um câncer que leva à
autorreferencialidade, que se infiltra nos organismos eclesiásticos como tais
e, de modo particular, nas pessoas que lá trabalham. Mas, quando isto acontece, perde-se a alegria do Evangelho, e a
generosidade da nossa consagração"
Depois, teceu outra crítica ainda mais dura aos que colocam entrave às reformas.
"Permiti-me aqui uma palavra sobre outro perigo: o dos traidores da confiança
ou os que se aproveitam da maternidade da Igreja, isto é, as pessoas que
são cuidadosamente selecionadas para dar maior vigor ao corpo e à reforma, mas deixam-se corromper pela ambição ou a
vanglória e, quando delicadamente são afastadas, autodeclaram-se mártires do sistema, do 'Papa desinformado', da
'velha guarda'... em vez de recitar o
'mea culpa'. Há outrod que continuam a trabalhar na Cúria e às quais se
concede todo o tempo para retomar o caminho certo, com a esperança de que
encontrem na paciência da Igreja uma oportunidade
para se converter e não para se aproveitar. Isto naturalmente sem esquecer
a esmagadora maioria de pessoas fiéis que nela trabalham com louvável empenho,
fidelidade, competência, dedicação e também com grande santidade".
Depois de mais de 50 anos do Concílio Vaticano II, ainda tem gente que
não digeriu, por exemplo, a reforma litúrgica. Aliás, o próprio
prefeito da Congregação para o culto divino, Card. Robert Sarah, tem feito tudo para um retrocesso litúrgico. E,
convenhamos, em algumas coisas, corre-se o risco de sair da comunhão de fé, nas
questões que são dogmáticas, como é o caso da Constituição sobre a Igreja
(Constituição Dogmática Lumen Gentium).
Alguns padres, até jovens de idade, estão literalmente
"desenterrando" paramentos antigos que eu conheci, quando menino,
esquecidos nos fundos das gavetas da sacristia e que viraram peças de museu.
A Igreja sendo Povo de Deus e
Mistério de Comunhão, deverá viver a sua
vida litúrgica não centrada em um único personagem (o sacerdote!), mas em uma
assembleia toda ela celebrante, sob a presidência de um ministro ordenado.
A participação consciente, ativa e
frutuosa de todos os fiéis é um desejo expresso na Constituição sobre a
Liturgia (Sacrosanctum Concilium). Estes não tem pudor de criticar o Papa
Francisco.
O Papa Francisco deseja uma Igreja poliédrica, renovada pelo Espírito
Santo, missionária, servidora, acolhedora, atenta aos mais pobres,
marginalizados e excluídos. Uma Igreja de cara para o futuro, sempre fiel ao
Evangelho e conservando a sua autêntica Tradição Apostólica. De Cristo evangelizador brota a Igreja evangelizadora.
Ledo engodo daqueles que esperam esse papado passar para que a Igreja
retorne ao tempo de Wojtyla e Ratzinger... Esse projeto faliu! E é bom que
se apressem, para não terem que entrar humilhados pela porta dos fundos no trem
da história. O projeto de Francisco é Evangélico e profundamente coerente com a
Tradição da Igreja. "O pior cego é
aquele que não quer ver!"
Parabéns ao autor do texto! É para frente que se anda.
ResponderExcluirAos que se preocupam com o 'trem da história': "Pois todo que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado". Lucas, 18:14
ResponderExcluirmaravilhoso texto!
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