Desolação espiritual ou depressão?


Há dias de tormenta na vida, quando tudo parece desabar. Por fora raios e trovões; por dentro, desânimo e angústia. Provavelmente o que sentimos é fruto do cansaço de antigas lutas contra nós mesmos, contra os outros e até contra o próprio Deus. É mais fácil culpar os outros pelo nosso despreparo e fracasso... 

E nossos pecados, que marcas deixam? As tormentas de fora machucam por dentro. Mágoas, mentiras, egoísmos, insônias, irritação, grosseria, drogas.., são algumas das marcas dos nossos pecados.  

Precisamos ser curados de toda negatividade e libertados do nosso egoísmo pelo amor misericordioso de Deus...

Por que olhas o cisco no olho do outro... Como ser positivos num mundo negativo? Como acreditar no Senhor ressuscitado e não apenas nas nossas forças? Somos cooperadores da missão de Cristo ou apenas estamos presos às nossas idéias, forças e limites? Limpais o exterior do copo e do prato, mas esqueceis o mais importante...

Manresa foi para Inácio de Loyola um tempo de graça e aprendizado. Depois da consolação inicial, ele passou por algumas dificuldades depressivas... Uma vez superadas, aprendeu muito com elas. Ele mesmo o conta usando a terceira pessoa:  Vinham-lhe muitas vezes tentações, com grande ímpeto, para lançar-se de um buraco grande que aquele quarto tinha, junto do lugar onde fazia oração. Mas, sabendo que era pecado matar-se, voltava a gritar: Senhor, não farei nada que te ofenda! E repetia estas palavras muitas vezes... (Autob. 24)

Depressão é uma coisa e desolação outra. Na primeira, rege o desânimo vital; na segunda, a falta de fé espiritual. Hoje, não são poucos os que experimentam uma e outra ao mesmo tempo. Quando elas chegam, devagarinho se instalam no mais fundo da alma, nos conturbando e paralisando. Alguns critérios permitem diagnosticar uma e outra. Inácio entrou em depressão no início da sua estadia em Manresa, e não em desolação.

A desolação espiritual esfria o relacionamento com Deus e acaba com os efeitos da consolação: a fé, a esperança e o amor. As faculdades têm seu desempenho perturbado, mas não derrubam a pessoa. Na origem da desolação espiritual há, provavelmente, uma tentação à qual já anteriormente se sucumbiu. Não foi este o caso de Inácio.

E a depressão? A pessoa deprimida gira em torno de si e do que os outros podem pensar dela. O que sente é muito subjetivo, embora atinja de cheio o psicofísico do indivíduo. Quem está deprimido não consegue levar o ritmo normal da sua vida, pois é invadido por sentimentos de tristeza, culpa, insônia, fadiga e até por pensamentos de suicídio que o impedem de se relacionar adequadamente. A pessoa deprimida se isola e precisa de ajuda médica.

Inácio sentiu-se afogado por sentimentos negativos que brotavam dentro dele e conheceu de perto a tentação do suicídio. Experimentou a perda do sentido de viver, e naquela época não havia ansiolíticos.

Mas um dia, e por pura graça, despertou como de um pesadelo. Como outro Paulo de Tarso, sabia em quem confiara e, aos poucos, o seu interior se harmonizou e se pacificou. O céu se abriu e a tempestade passou.

Uma pergunta: Você já experimentou a desolação ou a depressão? O que aprendeu com elas?


3 comentários:

  1. Olá Pe.Ramon, primeiro tive contato com a depressão e foi horrivel.... aprendi a não duvidar da existência da doença psiquica e fisica. Na desolação... aprendi que passa desde de que eu não me afaste de Deus, que eu insista na oração mesmo que seja mecanicamente. Aprendi que depois de uma desolação vem sempre uma grande consolação.Aprendi que a Graça de Deus está sempre presente na minha vida , mesmo quando estou desolada.
    Abraços e bom ler e aprenser com seus textos.

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  2. "Somos seres humanos, frágiles, pecadores, que caemos ... y también nos levantamos; sólo la fe nos ayuda, y como Usted dice, la sola "gracia de Dios" nos salva y libera. Bendiciones fraternas".

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  3. Não desejo depressão a ninguém, as angustias, os filminhos, as carências são horríveis.

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